querermos cantar, querermos tocar, querermos escutar.

terça-feira, 14 de junho de 2011

som dufun de mim.

dendagen tem um cantin
bem lá no fundin
no fundin dagen
ondos passarin
fazum barulhin
bem finin
dizen pragen
que lá no fundin
ondagentouve sim
o som do mim
o finin do flautim
piquenin
quandagentera menin
no fundin
daquele quintalzin
cumon de galin
e pintin
fazendassim-assim
bem finin
tamborilandaté o fim
no fim do meu sem-fim
batendo tamburim
enxergando zepelim
o céu azuzin
com nuvi de marfim
refletinda image dagen
como num espelho d’água
pingandos pinguin
assim-assim
finin que nem flautim
pisando no meu pezin
doendo assim
mas uma dor que não tem fim
porque, assim
eu faço, de mim, tamburim
e toco, mas toco mesmo assim
no finzin de mim
o som do meu cantin.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Não importa que instrumento eu for, só me toque. Come on, come on, come on, now touch me, baby.

Preso Arbítrio


          Segundo o livre arbítrio nós temos o poder de escolha em relação a nossas ações. Isso não deixa de ser verdade, eu imagino, já que, mesmo sob pressão, somos nós quem apertamos o gatinho, naquele minuto que determinaremos que será o final de algo.                                                               
          Entretanto, vivemos numa sociedade que não facilita o processo de nossas decisões. Até aqueles com o maior nível de anarquia na consciência seguem algum padrão. O sistema o qual nos engole é escroto a tal ponto de impor certas coisas de tal forma que é impossível respirar sem medo. Pois é, medo. Por mais que não percebamos, por conta do costume, temos medo de cair dessa corda bamba e ficar fora de algum dos infinitos padrões criados loucamente, escondendo um mundo sem fundo completamente capitalista.
          Isso é totalmente compreensível, levando em conta que tudo gira em torno de dinheiro, e aqueles que detém uma maior quantidade dos bens de consumo rotulados com bons, entram num grande navio: o navio dominante. Eles são o topo dessa pirâmide a qual todos habitamos. São eles que os ditadores que impõem regras, que nós cumprimos feito imbecis. Regras estas que nos fazem gastar capital, que cedo ou tarde chegará neles.
          E então, quanto mais achamos que estamos chegando perto, eles voam com seus belos navios sob nossas asas. Nós ficamos cada vez mais a margem desse rio. Carregamos essa pirâmide sem o menor orgulho, fazendo o maior esforço, vivendo feito louco. E a medida que fazemos isso, mais marginalidados surgem e sofrem. E esse sofrimento é causado por eles, os grandes capitães da vida, mas, sobretudo, por nós.
          E, por incrível que pareça, promovemos também o nosso próprio assassinato. O mais cruel possível. Aquele: lento, doloroso, com alguém amado aos prantos e alguém odiado gargalhando. E ficamos feito equilibrista com os olhos vendados. A diferença é chegamos na pirâmide sem a menor experiência e quando a corda vai ficando bamba, e nós não sabemos o que fazer, não procuramos buscar as causas para resolver nossas questões, vamos em busca de frágeis soluções, tentando nos enquadrar. Mas não pense que aqueles que estão no topo sofrem menos que eu ou você. Eles, mais do que ninguém, precisam se manter no patamar, o que nem de longe é fácil.
          Não venha me dizer, por favor, em hora alguma, que vivemos livremente. Estamos acorrentados e somos frequentemente torturados das maldosas formas. O que está diante dos meus olhos é o mais preso arbítrio possível e engoliram as chaves das algemas.

       Eu sei o que verde. Eu sei o que é azul. Eu sei o que sorvete. Eu até sei o que é Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose. E sei? O que eu tenho certeza é que tudo o que eu sei foi me foi ensinado durante a vida e até hoje vem sendo desta forma. Nada é completamente original se você pensar que tudo foi inspirado, mesmo que indiretamente, em algo.
Essa tal inspiração é algo que nós vamos ingerindo de forma brutal ao longo dos anos. Uma enorme quantidade de conceitos e informações nos são empurrados goela abaixo sem que tenhamos ao menos chance de pensar a respeito de cada minúcia. E cada adjetivo que eu uso em qualquer que seja o momento só significa o que você entende porque alguém, em algum momento, atirou na sua mente que era assim, pronto e acabou. Eu, por exemplo, posso enxergar um mundo completamente diferente daquele que você enxerga, mas a comunicação não encontra grandes problemas pelo simples fato de que um dia deixaram claro que o que eu vejo vermelho e você vê cadeira nada mais é que um pato.              
Mas isso vai muito além de cores ou objetos. Chega à pele e sobe pelas entranhas. Cada sinapse, cada piscada, cada beijo é sentido de um jeito diferente. Minhas dores e meus amores são meus, de mais ninguém. E o que eu sinto como um tornado pode chegar a você feito brisa.
Entretanto, o homem, tem essa eterna mania de definir, faz questão de, cada vez mais, generalizar. Para entender. Para se entender. Para nos entender, afinal, a comunicação só flui harmonicamente quando há entendimento de ambos lados. Desta forma, ao passo que ele define, ele limita de um jeito que arranca o pedaço. Contudo, quanto mais conceitos vão se formando, mais perto estamos chegando das mais insanas abstrações, o que torna os significados, que antes eram diamantificados, inúteis.
Sinto que estamos em meio a um gigante ciclo vicioso e que voltaremos ao que conceituamos como primitivo. Acredito que tudo que valorizamos anos atrás, não é visto mais da mesma maneira e pode chegar a ser considerado ridículo em questão de dias. Chegaremos a um ponto de abstração, que por enquanto desconhecemos, mas nos fará dar valor a outros galhos. Andaremos nus novamente, alguns podem pensar ligaremos somente para a subsistência, mas seremos os seres mais pensantes que já se viu.
Nada será como uma anarquia. Será algo tão sutil simplório e se dará de forma tão cotidiana quanto um piscar de olhos. Eu sei. E sei?

         
           De vez em sempre o cansaço bate de tal forma que tudo dói, pesa. Minhas pernas e meus braços, então, ficam dormentes. Tento mexê-los, mas não consigo. Meu tronco também está adormecido num pesadelo sem fim que o faz tremer em cada centímetro. Minha mente não. Ah, minha mente. Esta não pára nem quando deveria, quando o resto já não funciona da maneira correta.
          Como faço com tudo que está a minha volta, procuro um botão. Aquele botão. Você com certeza sabe do que estou falando. O "off".  Ou foda-se. Enfim, ficou mais do que entendível. Continuando, ele brinca de esconde-esonde comigo. Ele sabe que eu não quero brincar. Mas esse lenga- lenga o faz gozar. Isso o excita de tal forma que ele continua, até que eu desisto. E tudo começa a parecer pior do que já era. Lembro que não tenho o menor controle sobre mim. Isso me irrita, mas não de um jeito revoltado. De um jeito melancólico, talvez.
          Então eu começo a lembrar de que estou em algum lugar, cercada por pessoas que eu não tenho idéia do por que de estarem ali ou acolá. Seus olhares me engolem. Suas falas chegam como zunidos em meus ouvidos, que só queriam não ter que ouvir nada, nem mesmo os pensamentos que me atormentam a todo instante. Mas não é possível. E quando os zunidos se transformam em palavras tão audíveis que quase me ensurdecem, eu começo a lembrar. E então, feito uma cachoeira seguindo seu curso sem dó, recordo-me do motivo do cansaço. O motivo começa a me trazer de volta uma consciência marteladora de lepra que dá frio. 
          O frio vem como uma enxurada e meus olhos ardem. As lágrimas insistem em voar globo afora. Mas eu, não deixo. Seguro-as mais forte que qualquer outra coisa. Minha cabeça dói, de dentro para fora. Minha testa e bochecha começam a pulsar. Eu só queria um abraço. No fundo sei disso. Bem no fundo. Mas no fundo do túnel do meu mundo, demasiadamente distante da realidade alheia. 
          O que faço agora é me esconder com meus anseios e não falar nada a ninguém. Procuro o baú mais próximo. Fico por lá até que alguém dê por falta de minha presença. Então meus olhos chovem e fico ilhada comigo mesma. Alguém, por favor. Me tirem daqui. Eu não consigo sair sozinha. Até que a água consegue ser maior que a ilha. Me afogo comigo mesma. Não sei como sair. Socorro. Pena que não consigo gritar meu desespero. As palavras ficam presas e não passam da laringe. Minha garganta coça ansiosa para liberar meus pedidos. Mas não dá, não consigo.
          Eis que eu morro comigo mesma. E você nem ao menos deu por falta da minha presença.