querermos cantar, querermos tocar, querermos escutar.

segunda-feira, 13 de junho de 2011


         
           De vez em sempre o cansaço bate de tal forma que tudo dói, pesa. Minhas pernas e meus braços, então, ficam dormentes. Tento mexê-los, mas não consigo. Meu tronco também está adormecido num pesadelo sem fim que o faz tremer em cada centímetro. Minha mente não. Ah, minha mente. Esta não pára nem quando deveria, quando o resto já não funciona da maneira correta.
          Como faço com tudo que está a minha volta, procuro um botão. Aquele botão. Você com certeza sabe do que estou falando. O "off".  Ou foda-se. Enfim, ficou mais do que entendível. Continuando, ele brinca de esconde-esonde comigo. Ele sabe que eu não quero brincar. Mas esse lenga- lenga o faz gozar. Isso o excita de tal forma que ele continua, até que eu desisto. E tudo começa a parecer pior do que já era. Lembro que não tenho o menor controle sobre mim. Isso me irrita, mas não de um jeito revoltado. De um jeito melancólico, talvez.
          Então eu começo a lembrar de que estou em algum lugar, cercada por pessoas que eu não tenho idéia do por que de estarem ali ou acolá. Seus olhares me engolem. Suas falas chegam como zunidos em meus ouvidos, que só queriam não ter que ouvir nada, nem mesmo os pensamentos que me atormentam a todo instante. Mas não é possível. E quando os zunidos se transformam em palavras tão audíveis que quase me ensurdecem, eu começo a lembrar. E então, feito uma cachoeira seguindo seu curso sem dó, recordo-me do motivo do cansaço. O motivo começa a me trazer de volta uma consciência marteladora de lepra que dá frio. 
          O frio vem como uma enxurada e meus olhos ardem. As lágrimas insistem em voar globo afora. Mas eu, não deixo. Seguro-as mais forte que qualquer outra coisa. Minha cabeça dói, de dentro para fora. Minha testa e bochecha começam a pulsar. Eu só queria um abraço. No fundo sei disso. Bem no fundo. Mas no fundo do túnel do meu mundo, demasiadamente distante da realidade alheia. 
          O que faço agora é me esconder com meus anseios e não falar nada a ninguém. Procuro o baú mais próximo. Fico por lá até que alguém dê por falta de minha presença. Então meus olhos chovem e fico ilhada comigo mesma. Alguém, por favor. Me tirem daqui. Eu não consigo sair sozinha. Até que a água consegue ser maior que a ilha. Me afogo comigo mesma. Não sei como sair. Socorro. Pena que não consigo gritar meu desespero. As palavras ficam presas e não passam da laringe. Minha garganta coça ansiosa para liberar meus pedidos. Mas não dá, não consigo.
          Eis que eu morro comigo mesma. E você nem ao menos deu por falta da minha presença.

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