querermos cantar, querermos tocar, querermos escutar.

sábado, 26 de março de 2011



Música para ouvir no trabalho
Música para jogar baralho
Música para arrastar corrente
Música para subir serpente
Música para girar bambolê
Música para querer morrer
Música para escutar no campo
Música para baixar o santo
Música para ouvir
Música para ouvir
Música para ouvir
Música para compor o ambiente
Música para escovar o dente
Música para fazer chover
Música para ninar nenê
Música para tocar novela
Música de passarela
Música para vestir veludo
Música pra surdo-mudo
Música para estar distante
Música para estourar falante
Música para tocar no estádio
Música para escutar rádio
Música para ouvir no dentista
Música para dançar na pista
Música para cantar no chuveiro
Música para ganhar dinheiro
Música para ouvir
Música para ouvir
Música para ouvir
Música pra fazer sexo
Música para fazer sucesso
Música pra funeral
Música para pular carnaval
Música para esquecer de si
Música pra boi dormir
Música para tocar na parada
Música pra dar risada
Música para ouvir
Música para ouvir
Música para ouvir

MÚSICA QUE É...

MÚSICA, palavra que existe no ouvir... que existe no espaço... no som.
Que precisa de silêncio, dentro, de fora, de dentro - pra fora - pra dentro...
Que se esconde e aparace, in ou voluntariamente.
Que não tem quem te mande... que necessita de alguém.
Que é espaço de entre, do entre...
Que é naturalmente e artificial.
Que é dos sentidos, de sentidos vários...
Que é ser e estar, nos eu, tu, ele, nós, vós, eles...
Que tem antes e depois.
...


MÚSICA palavra que é "que"!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Pra não dizer que não falei das flores - Geraldo Vandré



Logo após o fim do concerto, realizado durante a ditadura militar, Geraldo Vandré foi preso, assim como muitos de seus ouvintes que estavam no evento. Vários fugiram, alguns foram mortos, e muitos foram espancados na ocasião.

Letra da música:

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão...
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(2x)

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não...

Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição...

Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer...(4x)

Pelo telefone


"Considerado o primeiro samba gravado no Brasil, registrado na Biblioteca Nacional em 27/11/1916; consta nos arquivos como sendo de autoria de Donga (Ernesto Joaquim Maria dos Santos) e Mauro de Almeida; essa composição tornou-se uma das mais controvertidas da história musical brasileira, por ter sido o primeiro samba a ser gravado e além disso por ter sido "gerado" na casa da Tia Ciata, famosa na época por reunir os maiores e melhores músicos populares da época, onde frequentavam além de Donga e Mauro de Almeida, João da Baiana, Caninha, Sinhô e Pixinguinha entre outros. Por ter sido um grande sucesso, havia vários pretendentes considerando-se autores da composição, obviamente por ter nascido numa roda de samba com muita gente cantando e improvisando. Justiça seja feita a Mauro de Almeida que parece nunca ter se preocupado muito em afirmar sua participação na autoria, declarou ao jornalista Arlequim ser apenas o "arreglador" dos versos."
Dárcio Fragoso

quarta-feira, 23 de março de 2011

por que nós?


(composição: marcelo jeneci)

éramos célebres líricos, éramos sãos
lúcidos céticos, cínicos não
músicos práticos só de canção
nada didáticos, nem na intenção

tímidos típicos sem solução
davam-nos rótulos, todos em vão
éramos únicos na geração
éramos nós dessa vez

tínhamos dúvidas clássicas, muita aflição
críticas lógicas, ácidas não
pérolas ótimas, cartas na mão
eram recados pra toda a nação

éramos súditos da rebelião
símbolos plácidos, cândidos não
ídolos mínimos, múltipla ação

sempre tem gente pra chamar de nós
sejam milhares, centenas ou dois
ficam no tempo os torneios da voz
não foi só ontem, é hoje e depois

são momentos lá dentro de nós
são outros ventos que vêm do pulmão
e ganham cores na altura da voz
e os que viverem verão

fomos serenos num mundo veloz
nunca entendemos, então, por que nós?
só mais ou menos...
Sejamos bem-vindos!