querermos cantar, querermos tocar, querermos escutar.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Preso Arbítrio


          Segundo o livre arbítrio nós temos o poder de escolha em relação a nossas ações. Isso não deixa de ser verdade, eu imagino, já que, mesmo sob pressão, somos nós quem apertamos o gatinho, naquele minuto que determinaremos que será o final de algo.                                                               
          Entretanto, vivemos numa sociedade que não facilita o processo de nossas decisões. Até aqueles com o maior nível de anarquia na consciência seguem algum padrão. O sistema o qual nos engole é escroto a tal ponto de impor certas coisas de tal forma que é impossível respirar sem medo. Pois é, medo. Por mais que não percebamos, por conta do costume, temos medo de cair dessa corda bamba e ficar fora de algum dos infinitos padrões criados loucamente, escondendo um mundo sem fundo completamente capitalista.
          Isso é totalmente compreensível, levando em conta que tudo gira em torno de dinheiro, e aqueles que detém uma maior quantidade dos bens de consumo rotulados com bons, entram num grande navio: o navio dominante. Eles são o topo dessa pirâmide a qual todos habitamos. São eles que os ditadores que impõem regras, que nós cumprimos feito imbecis. Regras estas que nos fazem gastar capital, que cedo ou tarde chegará neles.
          E então, quanto mais achamos que estamos chegando perto, eles voam com seus belos navios sob nossas asas. Nós ficamos cada vez mais a margem desse rio. Carregamos essa pirâmide sem o menor orgulho, fazendo o maior esforço, vivendo feito louco. E a medida que fazemos isso, mais marginalidados surgem e sofrem. E esse sofrimento é causado por eles, os grandes capitães da vida, mas, sobretudo, por nós.
          E, por incrível que pareça, promovemos também o nosso próprio assassinato. O mais cruel possível. Aquele: lento, doloroso, com alguém amado aos prantos e alguém odiado gargalhando. E ficamos feito equilibrista com os olhos vendados. A diferença é chegamos na pirâmide sem a menor experiência e quando a corda vai ficando bamba, e nós não sabemos o que fazer, não procuramos buscar as causas para resolver nossas questões, vamos em busca de frágeis soluções, tentando nos enquadrar. Mas não pense que aqueles que estão no topo sofrem menos que eu ou você. Eles, mais do que ninguém, precisam se manter no patamar, o que nem de longe é fácil.
          Não venha me dizer, por favor, em hora alguma, que vivemos livremente. Estamos acorrentados e somos frequentemente torturados das maldosas formas. O que está diante dos meus olhos é o mais preso arbítrio possível e engoliram as chaves das algemas.

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