querermos cantar, querermos tocar, querermos escutar.

quarta-feira, 30 de março de 2011

não dá pra escapar

Ficava sentado no banco, com dois tapões enormes nos ouvidos. Seu rosto mantinha a mesma expressão desde às seis da manha até as oito da noite, esperando o último trem.
Começou se incomodando com o barulho da caneta batendo na mesa. Depois veio o pavor aos zumbidos de insetos. Alguns meses, e até o barulho do teclado sendo digitado lhe tirava do sério.
Acabou que desistiu completamente de qualquer tipo de som: do garfo no prato, da guitarra, do canto, da voz. Não suportava nem ouvir a si mesmo, quanto mais aos outros.
Fechou-se para sempre, no silêncio dos seus tapões.

Mas há quem diga que esse é o melhor som de todos.

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