querermos cantar, querermos tocar, querermos escutar.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

eram três horas, em ponto. nem um a mais, nem um a menos. a perfeita exatidão que sincronizou o fim com o começo. pisei meu pó no chão duro da rua e a maciez entrou pelos meus ouvidos. nem lembro se deu tempo de saber da dureza real do chão. disse porque presumo, porque já pisei ali de outras vezes. mas nenhuma comparada à última. não, nunca a sincronicidade de opostos me fora permitida. nunca, até hoje. três horas, em ponto. três pontos em minha mente, balançando-se, flutuando, assim como eu, assim como o meu caminho, assim como a saliva em minha boca e assim como a minha esperança. eu não queria mais esperar, não tinha mais o que esperar. segui não sei para onde, em frente, para trás, um lado ou outro, o inverso do oposto, o pó daquilo que ali fui. o que sobra é o que permanece e, se algum dia acreditei em essência, ali encontrei a minha, novamente. mais uma vez, sob a constante bipolaridade dessa cidade, arde, arde, morde, assopra, dói, machuca, sangra e lambuza da viscosidade aquela minha pele que já descascou. se sou outro e continuo sendo o mesmo, quem sou eu? que som ouvi?

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