querermos cantar, querermos tocar, querermos escutar.

domingo, 10 de abril de 2011

Ralar na boquinha da garrafa: vou não, posso não…

por Lucas Rossi

Depois de todo Carnaval, nosso cancionceiro ganha novas músicas. Nesse ano ficaremos com Minha Mulher Não Deixa Não e Liga da Justiça (Foge Mulher Maravilha) na cabeça. Só para você ter uma noção do sucesso dessas músicas: somadas as visualizações no YouTube dos dois vídeos o resultado ultrapassa a casa dos 11 milhões. Enquanto isso, o vídeo em que João Gilberto e Tom Jobim cantam Garota de Ipanema não chega aos 2 milhões. Isso não é uma crítica, é apenas uma constatação.
“Super-Man ficou fraco, o Pingüim jogou criptonita. Lex Luthor e Coringa roubou laço da Mulher Maravilha”, é assim que começa o sucesso Foge, Mulher Maravilha (foge, foge). Certamente o balanço da Mulher Maravilha não ”é mais que um poema“, muito menos “a coisa mais linda que eu já vi passar”.
Sempre quando escuto essas canções que grudam em nossos cérebros me pergunto de onde vem a inspiração. No que será que o Cumpadre Washington pensava ao compor esse incrível verso – que considero um dos mais clássicos da música popular brasileira pós-moderna: no samba ela gostou do rala rala, viu a boca da garrafa não aguentou e foi ralar.
A inspiração surge de todos os lugares. Artistas unem referências, experiências e criatividade. Quando Maurice Ravel compôs seu famoso Bolero, ele nada mais queria do que fazer com que sua música fosse assoviada pelas ruas de Paris. Agora, qual era o desejo do Latino ao compor Festa no Apê? Algumas músicas parecem que não têm razão de ser. Eu as chamaria de arte contemporânea: fragmentos sem conexão que nunca sabemos se é genial ou banal (segundo um amigo entendido do assunto, “arte contemporânea têm muita conexão e quer dizer muito mais do que parece. É uma continuidade e não fragmentos”)
O Chimbinha e da Joelma têm sua importância. Fazem coisas geniais – e isso não é para soar irônico. Roberto e Erasmo Carlos já foram considerados bregas, hoje são referência. O tempo passa, o tempo voa e os conceitos mudam. Hoje, fugir da Mulher Maravilha ou dizer que você não quer não (pode não, sua mulher não deixa não) é brega, amanhã pode ser genial.

fonte: musicoteca.

2 comentários:

  1. Adorei a constatação. Realmente ainda acho Erasmo Roberto Carlos brega... Mas é minha opinião. Bom, em relação a Mulher Maravilha, Festa no Apê e Vou Não quero Não, acho que é uma pequena agressão em massa aos ouvidos... Mas essa é minha identidade, essa é minha opinião.

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  2. posso não escutar essas músicas, mas mesmo assim demonstro o tempo inteiro a minha grande admiração por elas.
    uma coisa que vivo dizendo é que a realidade se faz por si só, não precisa que ninguém a invente. é assim pra mim, essas músicas levam as pessoas pras ruas, fazem com que essas pessoas dancem e se divirtam, não tem riqueza nisso?

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