querermos cantar, querermos tocar, querermos escutar.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Beatriz chamada Márcia

Beatriz se curva até o chão e dá um beijo rápido na testa de sua prima.
- O fim de semana será ótimo, prometo. - diz ela enquanto implora para que seja mesmo verdade.
Seus tios tinham viajado então ela seria mãe nos próximos dias, pensava em maneiras de ser assim enquanto a pequena engolia o controle remoto.
- Já sei, vou pegar uma coisa que gostava muito de ouvir ainda menina!
Remexeu suas coisas até encontrar uma fita cassete pequena, que contava a história do Rei Leão. A carregou nos dedos e então mostrou à sua criança.
A menina, assustada, apenas disse:
- O que é isso?
Beatriz, primeiramente, riu. Não era uma hora para desapontamentos, ela só achou que seria mais fácil. Ela só. Com vontade de iniciar uma nova conversa antes que sua prima encontrasse uma bola de gude para ficar presa em seu intestino, disse rapidamente:
- Tem alguma coleguinha chamada Beatriz?
- Não, é nome de gente grande.
Ela novamente parou por um instante, e o ar saiu um pouco mais acelerado de suas narinas. Ofegou um pouco pensando em todas as crianças que conhecia, e bem, não havia nenhuma Beatriz. Então Beatriz, sabiamente, profetizou:
"Beatriz é a nova Márcia, assim como Julianas, Camilas, Paulas e Danielas. Serão castigadas a se chamarem Sônias, Nilmas e Sandras esses nomes que não imaginamos ao olhar pra o rosto de um bebê."
Beatriz respirou fundo mais uma vez e disse bem baixinho:
- Ninguém escolhe crescer.

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